quarta-feira, 17 de junho de 2009

RELATÓRIO DA CLINICA FEMININA OPTIMIST

Segue na íntegra o Relatótio da Técnica MARTHA ROCHA
CLÍNICA FEMININA DE OPTIMIST EM BRASÍLIA
10 a 14 de junho de 2009


11 Participantes:
Ana Sofia – 13 anos -Iate Clube de Brasília
Camila Padilha – 13 anos -Clube Naval
Camila Gama – 12 anos -Clube Naval
Carolina Sampaio – 12 anos -Iate Clube de Brasília
Clara Felix – 10 anos -Iate Clube de Brasília
Elisa – 12 anos - Iate Clube de Brasília
Lucina Alarcão -13 anos - Iate Clube de Brasília
Maria Eduarda Proença -13 anos- Iate Clube de Brasília
Nina Furtado – (estreante) 11 anos - Iate Clube de Brasília
Sofia Grael – 9 anos - Iate Clube de Brasília
Thais dos Santos – 12 anos - Iate Clube de Brasília


A clínica aconteceu no Iate Clube de Brasília durante o feriado de Corpus Christy. Tive toda a ajuda dos funcionários do clube, contei com uma ótima estrutura do iate, como filmadora, bóias, bote, tudo sempre muito organizado, além da ótima recepção de todos os pais e envolvidos na vela.

O grupo de velejadoras está pouco maduro em relação à competição. As brincadeiras são constantes. O lúdico deve existir, mas elas precisam ter consciência de que para o aprendizado é preciso dedicação e concentração. Administrar a quantidade de brincadeiras com a quantidade de informações é essencial; o técnico deve estimular o grupo para que entendam isso. E no início, ele é responsável por essa tarefa até que o grupo amadureça.

A maior parte da turma está entre 12 e 13 anos, uma fase onde já podemos trabalhar mais questões teóricas, raciocínio lógico, tática de regata, além de podermos exigir mais nos fundamentos práticos, com repetição de gestos e atividades. O que me preocupou bastante é que mesmo estando esse grupo nessa fase de desenvolvimento, e além de muitas velejarem há um bom tempo (cerca de 3 anos na vela) tinham pouquíssima informação teórica e na prática não conseguiam desenvolver muito. Assuntos básicos não foram abordados ou elas não assimilaram as informações.

As velejadoras mais novas (9 e 10 anos) precisam de mais tempo e atividades interessantes e divertidas, para que ao mesmo tempo peguem gosto pelo esporte e aprendam os fundamentos técnicos. Aos poucos poderão ser mais exigidas.

O grupo todo reclamou muito da falta de atenção de seus treinadores para com elas. Minha opinião, sem entrar em méritos pessoais ou profissionais de cada um, é que à medida que o velejador ou velejadora se mostra mais interessado em aprender e evoluir, naturalmente vai ganhando mais espaço no grupo. O papel do treinador é evoluir o grupo todo, dentro das individualidades de cada velejador. Isso é uma tarefa bem difícil, principalmente se o grupo for grande (mais de 10 alunos) mas alguém dentro da organização do clube, seja capitão de flotilha, seja o gerente de esportes, deve atuar junto ao técnico e sistematicamente verificar se os objetivos traçados estão sendo atingidos. Objetivos do grupo e objetivos individuais dos velejadores. Se por algum motivo o grupo não estiver evoluindo, os métodos de trabalho devem ser revistos. Vale salientar aqui que estamos falando de esporte e, portanto, nem todos irão atingir resultados ótimos nas competições. Mas mesmo assim, deve existir uma evolução no aprendizado de cada um.

Nesta clínica, as atividades desenvolvidas foram em resumo:

· Controle do barco; como parar, como acelerar. Tenha o controle do seu barco, não o deixe controlar você.
· Espaço na linha de largada; através do controle de barco consiga fazer-se respeitar na largada guarde o seu espaço.
· Respeito às regras. (muitas regras elas desconhecem, outras ignoram)
· Como regular sua própria vela; fundamentos teóricos básicos da espicha, burro, contra-burro, esteira, escota e cabinhos da vela.
· Converse mais com seu treinador; mostre-se com mais vontade de aprender; Dedique-se!
· Plano de regata; cuide de seu barco, saia com antecedência para a raia, teste, tire informações que lhe ajude a traçar um plano. Onde largar, onde tem mais vento, porque cambar e etc.
· Porque o barco de sotavento anda mais? Básico.

Todos os assuntos foram trabalhados em aula, mas precisam ser constantemente revistos e instigados, do contrário entrarão para o esquecimento. Muito mais exercícios devem ser feitos, muito mais aulas teóricas, reuniões com todos juntos para tirar dúvidas e dizer como foi a regata ou o treino. As reuniões antes e após a prática são o quando os alunos irão realmente assimilar os conhecimentos, raciocinando sobre os acontecimentos. É também o espaço onde as dúvidas de um, tornam-se o conhecimento de outros, evoluindo mais facilmente o grupo e não apenas 2 ou 3 velejadores.

Acredito que a turma de meninas evoluiu bem nesses dias, apesar da falta de vento. Conseguimos velejar todos os dias. Para o futuro penso que devem evoluir muito mais. Para um campeonato Brasileiro, por exemplo, todas estão muito aquém do esperado. Muitos treinos terão que ser desenvolvidos. Elas precisam melhorar além de todos os aspectos trabalhados na clinica, sua resistência na água. Por serem muito imaturas no quesito competição, agüentam pouco tempo na água, cansam rapidamente e devem ser estimuladas a vencer esse desafio, pois nas competições que virão, existirão dias que ficarão mais de 5 horas na água em um só dia. Para o próximo campeonato Brasileiro, elas precisarão enfrentar condições que não se encontram em Brasília, tais como vento forte, onda grande e maré. Seria muito interessante se pudessem sair anteriormente para alguma competição e outros treinos.

Uma das velejadoras acredito que não pode evoluir muito tecnicamente tanto quanto as demais, pois seu nível de aprendizado era bem inferior, já que ela é estreante. Mas acho que para essa menina, a clínica foi muito importante para começar a ter um contato maior com o grupo mais avançado. Minha opinião é que mesmo com turmas de trabalho diferentes, mesmo com objetivos diferentes, os treinadores ou professores devam buscar uma maior integração entre os velejadores, seja realizando uma atividade extra vela em conjunto, ou algum treino perto ou que os velejadores mais experientes possam ajudar os mais novos. A evolução das turmas mais novas sempre será mais rápida e eficaz se as crianças tiverem contato com os velejadores mais experientes. Não custa nada ao longo do ano programar eventuais atividades de integração, pensando sempre na renovação do grupo no futuro e no bom convívio de todos.

Sendo assim, fico a disposição de todos para qualquer esclarecimento. Espero que o grupo possa se integrar e competir mais em igualdade com os meninos em um futuro próximo. E que a flotilha de meninas possa vir a ter o sucesso que os meninos de Brasília já alcançaram.


Abraço,
Martha Rocha
martha.rocha@cbvm.org.br

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